porque nem todo mundo anda sozinho (ou, os brutos também amam)

se você é o tipo de pessoa, que odeia pessoas, que não se encaixa em relações, que prefere a solidão, que prefere seu livro e seu disco do joy division a uma meia dúzia de pessoas, saiba que eu te entendo, sei como é bom e sábia a solidão e a reclusão do mundo material, frio e mesquinho que existe lá fora,

[há pessoas que vivem nesse mundo e que mesmo sempre acompanhadas, mesmo que busquem amizades nunca se sentem completas, sempre se sentem sozinhas, as pessoas que aceitam serem partes da máquina, serem mais uma laranja que que vai ser exprimida até virar suco não tem essa visão, por mais que se encaixem em um grupo em uma "tribo" em um círculo de amizades não conseguem se sentir completas

é o grande golpe do século XXI, me desculpe mas você caiu nele, somos todos iguais e mesmo assim nos sentimos sozinhos, deprimidos e sem esperança. sem motivos para seguir

e isso que ao olharem para o lado, os convencionais, enxergam mais duzentas pessoas como eles]

mas se você é do tipo que prefere a reclusão, o afastamento das pessoas e da grande máquina e mesmo assim se sente completo e feliz, e mais que isso, sente que realmente você não está sozinho, pegue suas mãos, junte-as e de graças a deus (ou ao ser que você é devoto e fiel)

pois bem estava eu em mais um dia com meus amigos, meus poucos amigos, depois de alguns tragos, e uma busca, sem sucesso, atrás de produtos ilegais estávamos em pleno vigor e no que eu posso chamar de uma boa forma de aproveitar a vida.

eu me senti feliz, eu ria como um idiota, sem drogas, legais ou ilegais, apenas sentia a vida correndo e fazendo seu papel nas veias, como se nós reunidos naquele instante estivéssemos alcançando e descobrindo o real sentido da vida e de se viver

pois veio perto da gente um velho senhor, como esses muitos que a vida dá uma chance de ser feliz, ter uma familia e depois toma esta oportunidade de volta como se o pobre senhor, agora já velho, deve-se algum favor.

e ele tentava se enturmar com nós e iniciava seus diálogos extremamente chatos, ou devo dizer monólogos, e enquanto a gente aguardava a revelação de uma foto, este senhor, que descia e subia a rua como se procura-se algo, passava por nós e tentava iniciar uma conversa, que nós (Lógico) acabávamos da forma mais rude possível.

e depois da terceira ou quarta tentativa ele se vai embora, se perdendo na multidão.

e assim eu pensei, e eis crianças que agora vem a moral da estória, eu me sentia bem e FELIZ com meus amigos, meus poucos amigos, e não importa o que acontecer eu tenho a idéia que não estou sozinho na mente, mesmo que eu não me encaixe no pensamento popular. e mesmo que eu não converse com meus 20 colegas de aula.

enquanto aquele senhor, implorando por uma companhia, uma amizade, uma breve conversa que fosse, corria a rua como se fosse morrer e necessita-se apenas da ajuda de alguém para receber a vacina salvadora e NINGUÉM se importava.

a solidão me dá medo, não quero acabar como ele, isolado do mundo sozinho dentro de sua casa, com seus filhos e esposa e sua TV, a maior do mercado, seu dvd com home teater e com todo mais um mundo de produtos que apenas isolam as pessoas.

a pior solidão é a mental, e a espiritual. enquanto um vagabundo vagar pela rua querendo distancia da sociedade e intimidade com um copo de cerveja, e um bom livro, não vou me sentir sozinho

logo, me sentirei feliz, de verdade